segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Quando eu o conheci...



A primeira vez que eu o vi não fitei o olhar por muito tempo. Eu acabara de entrar em seu quarto e a minha esquerda estavam as portas do guardaroupas arrancadas e quebradas. Ele estava sentado em uma poltrona, com um ar um pouco soturno, assistindo televisão. Quando seu irmão nos apresentou ele levantou-se e abriu um largo sorriso. Sincero, eu diria. Era um sorriso bonito. Não combinava com aquele ambiente e muito menos com o ar soturno que aparentava. Eu tinha 16 anos e ele 18.

Apertei sua mão firmemente, como sempre faço ao conhecer alguém, e fui almoçar com seu irmão. Acabávamos de chegar da aula da manhã e tínhamos pouco mais de uma hora para almoçar e retornar ao colégio. Ele ficou nos rondando, acompanhando a conversa, calado, sem fazer comentários e se limitando a sorrir quando falávamos algo engraçado.

Eu o veria dias depois, em frente ao colégio quando foi buscar seu irmão, e perguntei porque não havia saído com a gente na quinta-feira. Minha turma começava a sair nas quintas-feira, dormíamos pouco, íamos pra aula sexta, estudávamos de tarde, saíamos de novo e dormíamos o sábado de manhã, já que durante a tarde tínhamos prova.

"Ele não me chama" - respondeu em um tom baixo, audível somente para mim naquela roda de amigos. - "Acho que ele tem ciúme de vocês". Nós ficamos nos olhando por um momento em silêncio, ele virou os olhos para baixo. Eu dei o meu famoso sorriso de "que está tudo bem, eu resolvo isso" e disse no mesmo tom baixo: "Pode deixar que eu mesmo ligo para você." Ele abriu um largo sorriso.

É incrivel como me lembro desse dia, mesmo tendo sido há 15 anos. Era uma tarde de sábado de abril e seu irmão e eu acabávamos de sair da prova. Ele estava com uma calça jeans lavada e camisa branca. Eu me lembro bem, pois me chamou a atenção o aspecto surrado da blusa em um cara tão bonito.

Embora ele fosse um cara alto e forte eu senti em mim o enorme desejo de cuidar dele e queria que ele cuidasse de mim.

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